sexta-feira, 15 de abril de 2011

GRANDEZA

Quando criança, pedia tanto para minha mãe medir minha altura!

Era combinado que mediríamos a cada mês, mas como o mundo da criança é bastante atemporal, todo dia era um novo mês e todo mês minha boneca aniversariava...

Era um pouco complicado isso, porque medir todo dia a altura não me deixava feliz, já que eu não havia crescido significantemente enquanto dormia... Medir minha altura de mês em mês, como minha mãe sugeria, era o ideal pra fazer com que eu me sentisse grande, grande, grande!

Hoje eu me pergunto: Qual criança não é grande??????

Se elas pudessem saber que a maior grandeza é a de espírito, elas jamais se importariam em ser as maiores da sala para ficarem no final da fila na hora do hino nacional.

Mas talvez a grandeza da criança esteja mesmo embutida nesse segredo de não saber de si e já saber o que quer ser: grande!

É ironia da vida nos ensinar o assunto da prova depois que esta já passou.

Se a criança soubesse o quanto crescer dói, ela nunca pediria sua mãe pra medir sua altura todo dia!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Eurotrip III: A neve em Berlim, parte I.



Neeeeeeeeeve!

Depois de um dia de atraso, conseguimos viajar para Berlim. Foi o nosso primeiro voo pela Easyjet. Antes de embarcar tivemos um probleminha com a bagagem: uma das mochilas estava acima do tamanho estabelecido pela companhia aérea. Nada que a gente não pudesse resolver, bastou abrir a mochila no meio do aeroporto, tirar algumas peças deroupa e colocar na mochila que seria despachada (essa não tem limite de tamanho). Mais uma dica de viagem by Orkut! Ehehe.

O voo foi tranquilo, percebemos que os comissários de bordo eram bem engraçados, eles faziam várias piadas e todos sorriam. Todos, exceto por nós, claro, pois entender piadas em alemão ainda está além do nosso alcance. Chegando lá foi mais uma emoção. O comissário disse algo durante o pouso, desse vez em inglês (\o/), que pudemos entender: “é neve de verdade!”.

Antes de descer do avião, recomeçamos o processo de vestir os casacos, as luvas e as toucas, que criava expectativa para o encontro com o frio. Mais uma vez o avião parou no meio da pista, e logo ao descer nos deparamos com a tão esperada neve. Diz Davi que não estava tão frio, mas eu quase congelei. Esse foi um dos momentos mais tensos de toda a viagem: chegamos no meio da madrugada, o aeroporto fica fora de Berlim, o metrô estava fechado devido ao horário, e a mulher do Centro de Informações era grossa e falava inglês com um forte sotaque alemão. Resultado: entendemos quase nada que ela disse, apesar de termos feito mais de uma tentativa, e pegamos o ônibus noturno, aparentemente a nossa única opção. Ele nos levaria até o centro, lá teríamos de pegar outro ônibus até a rua do albergue.

Durante esse primeiro percurso, olhávamos o tempo todo pela janela, a neve encobria as ruas e os carros. O branco dominava tudo. Então chegamos no nosso ponto, ás duas da manhã. Antes de descer, tentei perguntar ao motorista qual ônibus deveríamos pegar para chegar ao albergue, e apesar dele não falar inglês, me respondeu apontado pro outro lado da rua, onde tinha um ônibus prestes a sair. Corremos e conseguímos entrar, quando perguntei ao novo motorista se estávamos no lugar certo (adoro pedir informações). Mas ele também não falava inglês. Então saquei o papel da mochila com o nome do albergue e tentei perguntar de novo, praticamente através de mímica, e, para nossa surpresa, ele disse que estávamos no carro errado, parou e nos mandou descer e voltar ao ponto para pegar outro ônibus (ônibus este que era uma incognita, a mímica não foi suficiente para ele nos explicar qual seria o correto). O problema é que o carro estava em movimento durante a nossa ‘conversação’, e já estávamos a meio quilômetro do ponto quando ele nos mandou descer. Bobagem, o motorista nos colocou pra fora mesmo assim. E lá ficamos, de mochila nas costas, 2h da manhã, no meio de uma rua coberta de neve, e praticamente incomunicáveis, pois alemão não é mesmo o nosso forte.

Quase furtamos essas bicicletas e fomos pedalando pro albergue...hehe

A gente deveria voltar pro ponto, mas não fazíamos idéia de qual ônibus pegar, e desde que saímos do aeroporto, não havíamos encontrado um único ser que falasse inglês. Ficamos parados, estagnados, tentando processar a gravidade da situação. Então eu, a salvadora da pátria (hehe), vi um táxi se aproximar, atravessei a rua correndo e parei o motorista (sim, foi dramático assim mesmo). Para variar, ele não falava inglês, mas eu já tinha a manha da mímica e logo estávamos acolhidos no interior quentinho do táxi. Não há quem me convença de que não fomos abençoados nesse momento. O taxista foi super ‘brother’ quando entendeu que éramos do Brasil, e repetia constantemente ‘Pelé’ e ‘Ronaldo’, além de tentar falar sobre cada lugar que passávamos. Tá, era em alemão e a gente não entendia, mas o que importa é a boa vontade. Chegamos, então, em segurança ao albergue pela módica quantia de 10 euros, em princípio eram 15, mas o taxista, por conta própria, fez o desconto ;).

A chegada ao albergue merece mais uma longa descrição, mas já me alonguei por demais só no percurso! Não vou terminar de escrever esses textos nunca, quero contar cada vírgula da história. Enfim, resumindo, o ponto alto da nossa chegada foi o seguinte: ao chegarmos no corredor dos quartos, tinha um típico norte-americano de 1,80, louro, vomitando bem em fente da porta do nosso quarto! Além disso, ao entrarmos no quarto, encontramos uma zona, mala e roupas espalhados por todo o lugar, não pudemos ligar a luz para não acordar as pessoas. Não pudemos pegar nossas coisas para tomar banho. Imagine o impacto disso em pessoas que já estavam totalmente tensas. Tá, falarei somente por mim, fiquei desesperada nesse momento, de verdade. Foi o único momento da viagem que pensei: ‘o que estou fazendo aqui?!’. Mas fomos dormir, e com o novo dia, veio um novo ânimo, e veio a noção de que a viagem a Berlim iria finalmente começar! Mas isso já é assunto para um novo post...

Próximo post: A neve em Berlim, parte II.


P.S.: Algumas fotinhas do St. Christopher´s, nosso albergue em Berlim!


No bar do albegue! O lugar era muito lindo, parecia o Groove...


O fatídico corredor de carpete onde o americano vomitou.


Nosso quarto! A minha cama sempre era a mais arrumada.