RIP Saramago

O escritor José Saramago morreu hoje... =(
Estou lendo (há um vergonhoso tempo) um livro dele chamado
A jangada de pedra. Selecionei alguns trechos que gostei até
onde já li:

"Mas é verdade que há diferenças de mundo para mundo, toda a gente sabe que em marte os homens são verdes, enquanto na terra os há de todas as cores, menos essa."

"Se um dia tiveres um filho, ele morrerá porque tu nasceste, desse crime ninguém te absolverá, as mãos que fazem e tecem são as mesmas que desfazem e destecem, o certo gera o errado, o errado produz o certo."

"Nem todas as coisas nascem umas para as outras, respondeu Joana Carda, o que, apesar de óbvio, comporta não pouca filosofia."

"Há momentos em que mesmo o amor deve conformar-se com a sua insignificância, perdoai que assim reduzamos o extremo dos afectos a quase nada, ele que em outras ocasiões é quase tudo."

"A coragem e o medo são simplesmente os dois pratos oscilantes de uma balança cujo fiel se mantém fixo, paralisado pelo espanto da inútil invenção das emoções e sentimentos."

"Bastar-te-ás a ti próprio enquanto puderes aguentar, depois confia-te a quem mereceres, melhor se esse for alguém que te mereça."

"A observação só parecerá estúpida a quem achar que todas as coisas nesse mundo se explicam pelo facto simples de serem como são, o que, evidentemente, se aceita, mas não basta."

"Mas aproveitam, diriam, como aconselhou o poeta, Carpe diem, o mérito destas velhas citações latinas está em conterem um mundo de significações segundas e terceiras, sem contar com as latentes e indefinidas, que quando a gente vai a traduzir, Goza a vida, por exemplo, fica uma coisinha frouxa, insossa, que não merece sequer o esforço de a tentarmos. Por isso insistimos em dizer, Carpe diem, e sentimo-nos como deuses que tivessem decidido não ser eternos para poderem, no exacto sentido da expressão, aproveitar o tempo."