
E de tanto tentar achar sentido pra vida, o gato criou bigode
e a saia da baiana não mais sacode;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, a Rapunzel ficou careca
e a princesa continou perereca;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, o dia virou noite e ficou escura
e a liberdade passou a se chamar loucura;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, o seguro morreu de velho
e as pedras de Pessoa formaram um castelo;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, minha avó ficou caduca
e o desprendado vovô um mestre cuca;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, a cabeça ganhou chapéu
pra depois virar música de Carlos Gardel;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, Casilda deu a luz a um tal de Humberto,
um loiro azedo muito esperto;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, a carruagem "aboborou",
a cinderela se cansou e desistiu do seu amor;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, quem acreditou não alcançou,
quem correu não avançou e quem sentou não se cansou;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, o velho não pensou e viveu,
o jovem pensou e não viveu, e quem não decidiu, adeus, morreu;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, as letras se juntaram, as palavras se alinharam
e as frases se formaram;
E de tanto tentar achar sentido pra vida, a vida criou seu próprio final
dando à morte seu sentido, e ao nascer seu ideal.
Texto escrito dia 21-03-2011
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