sábado, 23 de outubro de 2010

O QUE NÃO MATA, ENGORDA!

Desde já eu peço desculpas pelo tamanho do texto, mas ao ler a postagem do Cambota em seu blog (http://www.cambota.com.br/) sobre o cancelamento do DVD do Pedra Letícia, eu não pensava em outra coisa senão nos trechos do livro de um cara (todo mundo sabe que é HG), representante de uma das maiores bandas de rock do Brasil... Mas não me entendam mal, também não quero comparar nada a favor de ninguém, só tem 1 mês que eu sou fã de Pedra Letícia (pouco tempo, quase nada), mas queria deixar minha condolência.
Tá, tá, tá bom, eu também sei que cada banda tem sua própria história, tem suas razões que devem ser destruídas (ou não), e tem também as curvas fechadas da highway...Por isso, não estou dizendo que com PL vai acontecer o mesmo que aconteceu com outras bandas que fizeram sucesso, mas eu realmente espero que daqui alguns anos eles riam muito disso tudo! Lá vai:

“(…) esse primeiro show parece ter ido bem. Pintaram convites para apresentações em outros bares. A banda que montamos para durar uma única noite estava virando uma banda para durar algumas semanas. Já como um trio, tocávamos onde dava pra tocar. Onde não dava, também tocávamos.

O repertório ia mudando rapidamente. As colagens performáticas foram dando lugar a um material mais pessoal, saído do velho caderno (...)

Nós éramos estranhos porque tínhamos e mantínhamos um pé em cada um desses mundos: rock, MPB e atitude do-it-yourself (...)

Eu era completamente despreparado para tudo o que estava acontecendo. Não sabia como me relacionar com gravadora, imprensa (...) Só depois me dei conta de que rolava um subtexto nas relações (...) É impossível ser, ao mesmo tempo, um coração e um cardiologista.

Num mundo ideal, talvez tudo fique bem pra sempre. Mas num mundo ideal, talvez não se precise de música.

O disco que gravamos em seguida fez uma história bacana (...) Saber que nossa música estava chegando a lugares que não imaginávamos existir era estranho. Boa sensação estranha.

Nossa gravadora, à época, era fraca no ambiente pop rock (...) Fazíamos sucesso e os caras não entendiam como ou porquê (...) Os números que gerávamos eram confortáveis e a nossa maneira de ser deixava claro que não queríamos, nem poderíamos, fazer outra coisa. Impossível nos transformar em dançarinos ou rostinhos bonitos. Isso nos protegeu.

Claro que a divulgação era sempre mais leviana e grosseira do que eu gostaria que fosse. Eu me consolava pensando que, se Bach fizesse parte do cast, tratariam-no do mesma forma. Cabia ao trabalho sobreviver, ou não, às intempéries.

Não estávamos muito interessados em fórmulas (...) Pode ser irrelevante e certamente é ingênuo, mas algumas atitudes reforçavam a mistura de teimosia e irresponsabilidade que fazia com que nossas impressões digitais sobrevivessem aos apertos de mão. É natural que, ao conhecer um artista, a indústria, os críticos e os fãs se perguntem com quem ele se parece. Mas é necessário que o artista se pergunte o que é que só ele tem.

Na reunião em que mostramos o disco (...) o clima foi de decepção total. Lembro das palavras do chefão: “Esse disco é um Boeing com tanque cheio. Pode ir longe se não explodir na decolagem”. Não creio que ele acreditasse na primeira hipótese. Saí da reunião achando que havíamos gravado nosso último disco (...)

(...) caiu sobre nós o clichê de odiados-pela-crítica-amados-pelo-público. Nada disso era muito verdadeiro. Mas não havia diálogo acima dos clichês.

E sempre que a gravadora impunha, o tiro saía pela culatra (...)

A imprensa papagaia o de sempre. Nós fazemos o show de sempre. A onda era escarrar? Sinto muito, mas lá vai a minha música (...)

Sempre desconfiei dos atalhos (...) Esses atalhos seriam bons se chegar mais rápido fosse o objetivo. Há um objetivo? Porque não uma bailarina de coturno? Alguém vibrando em outras frequências, por que não? Sair desses escaninhos faz a beleza de um duo como White Stripes (...) (Não sermos literais as vezes faz nossa beleza)

Mas vida afora, noite a dentro, anjos sempre me guardaram e guiaram, me fazendo seguir viagem, me dizendo que eu era diferente do que parecia ser (...) Os DE FÉ sempre estavam do nosso lado.

Geralmente escolhiam a canção mais parecida com o que estava fazendo sucesso. Nem sempre, quase nunca, tínhamos muito a oferecer nesse sentido. Uma vez que eu só gravava o que quisesse e da maneira que quisesse, por mim, podiam mandar qualquer música para as rádios (Toca Creuzaaaaaa!)

As músicas tem uma sabedoria própria e dão um jeito de achar os ouvidos a que estão destinadas.

A grande sabedoria: saber ser pequeno. As ondas nem sempre são naturais, aquelas dependentes das marés e fases da lua. As vezes é um transatlântico que passa pela nossa jangada fazendo onda.

(...) comecei a respirar fundo, esperando um terreno mais propício pra jogar a semente. Tínhamos um novo disco pronto, mas não gravaríamos agora.

Parece que Nietzsche disse que “o que não aniquila, fortalece”. Na dúvida, fico com o que dizia a minha vó: “O que não mata, engorda”. Canelas lanhadas, mãos cheias de calos, olhos cansados e ouvidos impacientes são medalhas que trago no peito.”
Pra terminar: "Mas quando eu virar um astro, com minha guitarra e uma prancha do lado, eu quero ouvir você gritar num bar: TOCA PEDRA LETÍCIA!"

2 comentários:

cambota disse...

Oi Angela...
foi mto bom ler isso hj
juro que me fez um bem danado..
nao me importo em ser pequeno...so me importo se nao me deixam crescer
obrigado viu
bjo enorme
Cambota

Luma Magalhães disse...

"Como que oc pôde abandonar eu se nós foi semrpe silis?" HAUHAUAHUA Adooro Pedra Letícia!